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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Choque na segurança pública em Ilhéus

Tive o prazer de participar nessa segunda feira última, dia oito, de uma Parada Geral do 2º BPM – Ilhéus no Colégio Modelo Luis Eduardo Magalhães, onde estavam presentes mais de uma centena de Policiais Militares, o Delegado Dr. André e o Juiz da 2ª Vara Crime Dr. Faiçal, bem como o Sr. Ten. Cel. PM Batista, Comandante do 2º BPM e mentor dessa reunião que tem como maior interessada à população de Ilhéus.
A parada foi aberta pelo Senhor Cel. Batista falando da imprescindibilidade de se aproveitar esse momento ímpar na cidade, pois em nenhum outro momento houve essa integração, essa ligação visceral entre Polícia Civil, Polícia Militar e o Poder Judiciário. Naquela oportunidade todos os Policiais Militares presentes, tiveram mais uma oportunidade de ouvir a fala eloqüente do seu Comandante, cheia de experiência, sabedoria e de uma profundidade teórica e intelectual que inspira os comandados a estudarem cada vez mais, não penas para chegarem àquele nível, mas para transcenderem. O Cel. destacou que o problema da segurança não é apenas um problema de polícia e que desde que chegou está empenhado junto com sua equipe em reduzir os índices de violência e criminalidade da cidade de Ilhéus e essa reunião foi uma das iniciativas para se chegar a esse objetivo.
A palavra foi passada ao Dr. Faiçal, pessoa simples e humilde, humana ao extremo, ele se quer é baiano, mas por ter no sangue a sede e o senso de justiça, demonstrou profundo desejo de ver os índices de violência e criminalidade na cidade diminuírem. Trouxe um dado de suma importância para a valorização do trabalho realizado pelos Policiais, disse que desde a sua chegada houve uma redução de aproximadamente cinqüenta por cento, nos processos por conta da celeridade e andamento que foram dados aos mesmos, disse ainda que logo após a sua chegada havia uma dificuldade para conseguir ouvir os Policiais como testemunhas nos processos e que isso dificultava muito o seu trabalho, mas isso aos poucos foi sendo sanado.
O Dr. Juiz, deu oportunidade para os presentes fazer questionamentos, fiz uma intervenção elogiando a iniciativa das autoridades e tentei justificar o fato de que muitos policiais criavam dificuldades para serem ouvidos pelo seguinte: primeiro que as prisões e apreensões eram feitas e meses ou até ano após os Agentes de Segurança eram convocados para depor e considerando-se o longo tempo decorrido, muitos tinham poucas lembranças dos fatos e por conta disso a sua palavra era colocada em xeque nas audiências. Por vezes os papéis se invertiam, os policiais eram tratados com desconfiança. Isso desestimula o profissional de segurança pública que está na ponta do sistema, trabalhando sob péssimas condições e que mesmo assim prende o marginal e em pouco tempo encontra com ele na rua, na feira, no centro da cidade, isso quando o marginal não mora ao lado do PM e de sua família, sabendo de toda a sua rotina. Com o Dr. Faiçal o tratamento dispensado é mais humanizado as audiências não demoram tanto para ocorrer fazendo com que os fatos sejam lembrados com facilidade, ocorrem impreterivelmente no horário marcado, impedindo que os policiais percam uma tarde inteira, muitas vezes em sua folga para serem ouvidos porque fizeram uma prisão. Muitos Colegas de trabalho já haviam comentado sobre o excelente trabalho que o magistrado vinha fazendo e eu tive a oportunidade de comprovar quando fui ouvido após apreender certa quantidade de drogas com um jovem na Avenida Esperança. Na audiência não apenas eu como o criminoso fomos tratados com respeito e dignidade.
Por fim a palavra foi passada para o Dr. André, Delegado da Polícia Civil, esse coincidentemente não é da Bahia também, mas trouxe na sua fala elementos que nos levou a criar grande expectativa no trabalho a ser realizado, esse rapaz Jovem, mas que demonstrou ter muita experiência, tendo realizado um excelente trabalho na cidade de Paulo Afonso. Ele demonstrou e alguns colegas já haviam comentado que ele é um homem de área e não apenas de escritório, gosta de está na rua, comandando operações e não apenas determinando ou despachando. Falou que após a sua chegada houve um crescimento no número de prisões e apreensões em flagrante feitas por agentes da Polícia Civil que anteriormente reservava-se basicamente a registrar as apreensões feitas pela Polícia Militar, isso sem contar que as condições de trabalho eram péssimas, com a carceragem lotada, problema quase sanado com a chagada do Dr. Faiçal.
Ao final, todas três autoridades colocaram-se a disposição e abriram as portas dos seus gabinetes para sanarem qualquer dúvida ou mesmo para possibilitar que se façam denúncias, essas serão encaminhadas a quem de direto para proceder às devidas investigações e posteriormente as operações serão feitas com objetivo de extirpar do convívio social as pessoas que tem inclinação para delinqüência. Algumas questões foram pontuadas pelos colegas como a necessidade de participação de um representante da Polícia Federal e de membros do Governo Municipal. Foi ainda elencado que o Batalhão dispõe de três projetos que atuam de forma preventiva que são: a peça teatral sobre drogas, o PROERD e especialmente a Ronda Escolar que acerca de dois anos vem desenvolvendo um excelente trabalho de prevenção e de repressão ao crime nas escolas, nesse período foram presas várias pessoas comercializado drogas nas escolas e imediações e apreendidas armas brancas e até uma arma de fogo além de ter prestado socorro a alguns estudantes. A Ronda Escolar ainda atua como uma espécie de coringa, pois age em toda a área do Batalhão por isso acaba dando apoio às unidades em toda a cidade, inclusive nos distritos.
Com relação ao título do presente texto “Choque na segurança pública em Ilhéus” só quero ressaltar que esse choque quem vai dar não sãos as forças de segurança, haja vista que as forças de segurança só agem quando o problema está instalado, quando se torna crônico. É preciso que esse choque seja nas consciências das pessoas que só cobram e não fazem a sua parte, quantos de nós sabemos que determinadas pessoas portam armas e não denunciamos? Quantos de nós sabemos que ao lado de nossa casa tem uma “boca de fumo” e não fazemos nada? Queixam-se da violência, mas nada fazem para impedir que ela aconteça. Na Bahia, segundo o Governo do Estado, cerca de oitenta por cento dos homicídios estão relacionados com o Crack e nós o que temos feito para reduzir esses índices? Para denunciar, não precisa se expor basta uma simples ligação que pode ser feita de graça de um orelhão bem longe da sua casa para a Polícia Civil, Disque Denúncia, Batalhão, Ministério Público e porque não, procurar até o Judiciário se for o caso. Ou seja, as opções são muitas, cabe a cada um fazer a sua parte o trabalho do beija-flor que sozinho tenta apagar o incêndio na floresta enquanto os outros fogem. Se você denuncia, a PM prende, a Civil registra e encaminha, o Juiz Julga e fecha-se essa cadeia cíclica onde só quem tem a ganhar é a população. Vale lembrar que essa abordagem é só em torno do problema instalado que poderia ser evitado se tivéssemos políticas públicas sociais efetivas de inclusão no nosso município. Fica aqui o meu recado. Para que haja um “Choque na Segurança Pública em Ilhéus” é preciso que cada um faça a sua parte, pois se quisermos mudar o mundo temos que mudar primeiro a nossa postura, afinal não se constrói uma casa do telhado para a fundação.